quinta-feira, 15 de março de 2018

Clementino Francisco dos Santos


Provavelmente pelo nome de Clementino Francisco dos Santos, poucos o conhecem; é sim, mais conhecido, carinhosamente, como “Nego Clemente”. Nasceu em 14 de novembro de 1933, em Curitibanos, filho de Nicolau Américo dos Santos e Eugênia Francisca de Jesus, e teve outros dois irmãos: Carmelindo Francisco dos Santos e Doralicia Francisca dos Santos. Sem muitos recursos financeiros, Clemente e Carmelindo ajudaram o pai em diversos serviços na cidade, conciliando com seus estudos no Colégio Santa Teresinha, onde completou a 8ª série (ensino fundamental).

Casou-se primeiramente com Idalina Leite, tendo os filhos Ataíde Francisco dos Santos e Emanuel Leite; e anos depois, com Santina Antunes da Cruz, tendo os filhos Eliane Antunes dos Santos e Luiz Carlos dos Santos.

Completando a maioridade, conseguiu, em 1 de dezembro de 1951, emprego de amarrador na Fábrica de Caixas que fazia parte da Serraria Curitibanense Ltda., na Rua Benjamin Constant (Serraria Gava). Foi promovido em 1952 a carregador, fazendo o serviço de gradear madeira em geral, carregamento de caminhões e colocação de lona.

Infelizmente, perdeu um olho em acidente de trabalho em 1964. O valor recebido do INPS foi mínimo e, para completar a renda e dar condições dignas à família, obrigou-se a exercer outras atividades, como engraxate, na Barbearia Borges, e vendedor de bilhete das Lotéricas Borges e Bernardoni, na Avenida Salomão Carneiro de Almeida. Retornou ao serviço em 1969, mas foi demitido em 1972, com a venda da serraria para a empresa IOCHPE S.A., que tinha interesse somente nos pinheirais. Comprou uma casa nas proximidades da Rua Frei Gaspar, vendendo anos depois por necessidade financeira. Participante ativo na Sociedade Recreativa 6 de Janeiro, foi vice-presidente por um mandato.

A abertura da lotérica de Raulino Moraes, na Rua João Manoel Carlos, autorizada pela Caixa Econômica Federal, acabou fechando as demais lotéricas. Continuou vendendo bilhetes e fazendo jogo de bicho. Em 1974, arrumou emprego de porteiro no Dormitório Avenida, aliando com atividades paralelas. A proprietária Hilda Duarte Sbravatti auxiliou na aposentadoria por invalidez em 1975.

Novamente para completar a renda, trabalhou como chapa (carga e descarga de caminhões) no ponto nas proximidades do Posto Esso, na Avenida Rotary. Por indicação de amigo, arrumou serviço como vigilante e serviços gerais, em 1980, na empresa Binder Projetos e Construções Ltda., onde ficou até 1994, e como caseiro, na chácara de Ernani Osni Rossa (Migué Seco), na entrada da estrada da Lagoinha (1994/1995).

Voltou a residir no pequeno barraco e trabalhar na construção do Edifício na Rua Marcos Gonçalves de Farias, mas a obra estava em ritmo lento e ora paralisada. Um grupo de empresários assumiu a construção: Berlanda. Gaboardi, Tortato, Sbravatti, Popinhaki e Gubernatti, finalizando obra em 2006.

Clemente recebeu como pagamento pelo tempo de serviço, uma casa na Rua Manoel Francisco de Almeida, onde morou até o seu falecimento, em 25 de janeiro de 2013. Deixou lição de superação, perseverança, o espontâneo sorriso amigo e preocupado em dar o melhor à família.


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Fonte: ALVES, Sebastião Luiz. Memórias Curitibanenses: Clementino Francisco dos Santos, A Semana, Curitibanos, Edição nº 1784, Caderno Livre, p. 03, 02 de março de 2018.


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