quarta-feira, 22 de maio de 2013

Zélia Andrade Lemos



Texto de Antonio Carlos Popinhaki

(Atualizado em 12/Agosto/2021)


Zélia de Andrade Lemos nasceu no dia 1.º de novembro de 1925, na residência da família, que na época, ficava na Rua Conselheiro Mafra, na cidade de Curitibanos, interior do estado de Santa Catarina. Ela era filha de Romário de Oliveira Lemos e Auracelia de Andrade Lemos. Algumas pessoas que não a conheceram pessoalmente confundiram a pesquisadora e historiadora Zélia, com a irmã Célia. Na verdade, apesar dos nomes parecidos, foram duas personalidades distintas: tiveram vidas parecidas, sendo, as duas, muito ligadas à fé católica. Viveram suas vidas devotadas aos preceitos da igreja. As duas permaneceram solteiras e não tiveram filhos.

Zélia realizou o curso primário em Curitibanos, parte do curso secundário foi no Colégio Santos Anjos, de Porto União, e no Instituto Educacional de Lages. Naquele tempo, o curso primário compreendia os quatro primeiros anos dos bancos escolares, e o secundário, do quinto ao oitavo ano. Após o curso secundário, os alunos poderiam fazer cursos voltados para alguma área profissional. No caso de Zélia, ela fez o “Curso Normal”, que era um dos mais comuns existentes no Brasil para formar professores. Fez esse curso no Colégio Coração de Jesus que ficava em Florianópolis, capital do estado de Santa Catarina.

Antes mesmo de poder terminar o curso, foi acometida de uma grave doença. Por essa razão, teve que interromper seus estudos no último ano, com o objetivo de procurar tratamento médico noutros centros urbanos do país. Em todo o tempo que estudou, Zélia também se dedicou aos estudos da música e da arte, que muito gostava, chegando a ser uma excelente pianista.

Depois de alguns anos em tratamento médico, retornou para Curitibanos, ocasião que aproveitou para dedicar-se à leitura e aos estudos, bem como, aos trabalhos manuais, como bordado, tricô, crochê, entre outros. Mais tarde, Zélia foi membro do Instituto Histórico e Geográfico dos Estados do Paraná, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. Dedicou-se a estudar a história da região de Curitibanos, a sua terra natal. O resultado desses estudos e pesquisas engrandeceram o conhecimento mútuo dos curitibanenses, pois antes dela, pouco se sabia sobre os fatos ocorridos na região.

Ela também foi grande e importante contribuidora para a fundação do "Museu Histórico Antônio Granemann de Souza" de Curitibanos. Fez parte da Comissão Pró-Museu com demais pessoas ligadas à preservação da história. Para a fundação do Museu Histórico, organizou-se uma comissão de pessoas, composta pelos seguintes nomes: Adolfo Nercolini (servidor público federal), Coracy Pires de Almeida (escritora curitibanense), Gualdino Domingos Busato (professor de História), Juraci de Melo Schmidt (coordenadora de ensino do estado de Santa Catarina), Maria Baptista Nercolini (pesquisadora), Maria de Lourdes Ferreira (professora de Artes), Norival Varela Duarte (pesquisador) e Zélia de Andrade Lemos (escritora curitibanense). As várias reuniões dessas pessoas, com o mesmo objetivo, foram fundamentais para a escolha e a instalação do Museu Municipal, localizado desde a sua fundação, no edifício da antiga sede da Prefeitura Municipal, na Praça da República n.º 20.

Foi também, uma escritora competente, pois no ano de 1977, lançou o livro “Curitibanos na História do Contestado”. Reeditou como uma espécie de segunda edição em 3 de setembro de 1984, numa noite de autógrafos realizado nas dependências da Câmara Municipal de Vereadores de Curitibanos. Escreveu também contos, poesias e artigos para diversos jornais e periódicos, mantendo sempre, em dia a correspondência com outros historiadores de todo o Brasil.

Também, foi responsável pela publicação do livro “A história dos fanáticos em Santa Catarina e parte de minha vida naqueles tempos”, a partir dos manuscritos do seu tio, Alfredo de Oliveira Lemos. Livro muito útil para todos os pesquisadores do conflito chamado “Guerra do Contestado”. Esse livro é muito citado em referências bibliográficas de renomados autores do assunto.

No dia 15 de julho de 1990, por volta das 23:45 horas, num leito do Hospital Regional Dr. Hélio Anjos Ortiz de Curitibanos, Zélia faleceu de causa mortis: parada cardio-respiratória, broncopneumonia e insuficiência cardíaca, conforme o registro de óbito do cartório de Registro Civil de Curitibanos, firmado pelo Dr. Altino Lemos de Farias.

Para aqueles interessados pela história, foi uma perda irreparável, a historiadora Zélia deixou, com a sua partida, saudades e um vazio a ser preenchido com paciência e estudos. Para os mais íntimos, era chamada carinhosamente de “Lila”. Tornou-se pessoa conhecida em repartições públicas das cidades de Curitibanos, Caçador e Campos Novos. Sempre estava em busca de novos fatos, escritos, fotografias e documentos para corroborar com as suas descobertas.

Em 15 de agosto do ano de 1990, o então prefeito Ulysses Gaboardi Filho, através da Lei Ordinária n.º 2445/1990 denominou de “Casa da Cultura Zélia de Andrade Lemos”, uma edificação a ser construída em Curitibanos.









Referências para a produção do Texto:



ALVES, Sebastião Luiz, FOSSATTI, Alexandre. Curitibanos, memórias da nossa terra. Álbum de 1921 a 1940. Zélia de Andrade Lemos. ‘On-line’: Disponível no Portal Facebook: https://fb.watch/7kVJXFIYuF/


Curitibanos. Lei Ordinária n.º 2445/1990. Denomina Casa da Cultura de Zélia de Andrade Lemos.


FACKIS, Manoel. Comentário abaixo da postagem sobre a biografia da historiadora Zélia de Andrade Lemos. ‘Blog’ curitibanenses. ‘On-line’: Disponível em: http://curitibanenses.blogspot.com/2013/05/zelia-andrade-lemos.html.


Fotografia colorida por Alexandre Fossatti.


Fotografias dos documentos: Acervo do Museu Histórico Antônio Granemann de Souza - Curitibanos - Santa Catarina.


Nascimento de Zélia de Andrade Lemos, Portal FamilySearch. ‘On-line’: Disponível em: https://www.familysearch.org/ark:/61903/3:1:S3HY-X3XQ-KHS?i=49&wc=MXYL-4NG%3A337701401%2C337701402%2C338077401&cc=2016197


Óbito de Zélia de Andrade Lemos, Portal FamilySearch. ‘On-line’: Disponível em: https://www.familysearch.org/ark:/61903/3:1:S3HY-62Y9-58Q?i=155&wc=MXYP-NPL%3A337701401%2C337701402%2C339018701&cc=2016197


POPINHAKI, Antonio Carlos. Daniel Vinício Arantes. ‘Blog’ curitibanenses. ‘On-line’: Disponível em: http://curitibanenses.blogspot.com/2021/07/daniel-vinicio-arantes.html


POPINHAKI, Antonio Carlos. O museu Histórico Antônio Granemann de Souza. ‘Blog’ pessoal. ‘On-line’: Disponível em: http://antoniocarlospopinhaki.blogspot.com/2021/02/o-museu-historico-antonio-granemann-de.html

Um comentário:

  1. A nossa querida "Lila", como nós carinhosamente a chamávamos.Nas suas pesquisas nas repartições públicas em Campos Novos, ela hospedáva-se em nossa casa. No Fórum, No Museu e na Casa da Cultura, ela buscava notícias, fotos e documentos que subsidiasse a escrita de seu livro:"Curitibanos e a história do contestado". Minha espôsa Ermelina adorava sua prima Lila e eu e meus filhos também cultuàvamos este amor. Nós ficamos felizes quando quando ela terminou sua obra e nós ajudamos a vender seus livros, aqui em Campos Novos. Curitibanos deve muito à Zélia de Andrade Lemos "Lila", pois ela tinha uma amor incondicional por sua terra. Ela era uma pessoa muito humana, culta e fantástica. Deve estar bem junto à Deus.
    Manoel Fackis e Família

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