quinta-feira, 23 de maio de 2013

Evaldo Amaral



Texto de Antonio Carlos Popinhaki

(Atualizado em 05/abril/2021)


Evaldo Amaral foi um dos homens a possuir uma trajetória cheia de conquistas e realizações. Começou, como muitos políticos quando adentram na vida pública: como vereador. Foi eleito para uma cadeira na Câmara Legislativa no mês de outubro do ano de 1954. Exerceu o seu mandato até o dia 17 de junho de 1956, quando assumiu o cargo de prefeito municipal de Curitibanos. Ficou à frente do poder executivo até o dia 13 de janeiro de 1959. O seu partido político era a União Democrática Nacional — UDN.

Na época da gestão do prefeito Evaldo Amaral, Curitibanos estava no auge das atividades decorrentes da sua indústria madeireira. Os resultados fabris e de manufaturados provenientes das serrarias era o que constituía a maior fonte de riqueza do município.

Entretanto, já naquela época, havia uma preocupação com o futuro, pois era sabido que os "pinheirais" desapareceriam com o passar dos tempos, isso era previsível, principalmente, devido à extensa e contínua exploração extrativista. Essa foi, portanto, uma das principais preocupações das autoridades locais, ou seja, era preciso incrementar outras atividades, principalmente agrícolas, para que no futuro, onde não houvesse mais pinheiros ou indústrias madeireiras, a economia de Curitibanos continuasse a movimentar-se em direção ao progresso.

Foi então criado o “Departamento de Colonização e Propaganda”, com o objetivo de difusão dos potenciais econômicos locais, quer fossem eles feitos através da agricultura, da pecuária ou de outros meios. Foi nessa época que foram realizadas filmagens de Curitibanos e seus arredores. Cópias das películas foram distribuídas em outros centros, objetivando a atração de interessados no desenvolvimento do município.

Foram criados os núcleos, Governador Celso Ramos e Tritícola. No primeiro, se instalaram famílias de origem japonesa, pois sabidamente, na cultura japonesa conseguem-se produções diversificadas de espécies vegetais. No segundo núcleo, o objetivo era o de fomentar, mesmo com algum percentual subsidiado, a produção de trigo no interior.

Também na época da gestão do prefeito Evaldo Amaral, houve a preocupação com a inauguração do Aeroporto Municipal (Campo de Aviação). A sua inauguração foi programada para dezembro de 1957. O local foi considerado um dos mais seguros da época na região. Inicialmente, sua extensão foi projetada para ter mil e duzentos metros de pista de decolagem e aterrissagem.

Nessa época, foram constatados que as instalações que abrigavam a sede administrativa municipal, ou seja, a sede da prefeitura, estava pequena e apertada para a demanda da época, então começaram, os planejamentos para a construção de uma nova sede para a prefeitura municipal de Curitibanos. Isso foi finalizado em 1970, mas os primeiros estudos começaram na gestão do prefeito Evaldo Amaral.

A ideia era transformar o prédio que hoje abriga o Museu Histórico Antônio Granemann de Souza na nova sede do Fórum local, coisa que nunca aconteceu, principalmente, devido as instalações também serem pequenas e inadequadas para o funcionamento de um Fórum de Justiça.

O prefeito Evaldo Amaral conseguiu junto ao governo estadual, verbas para a construção de um posto de saúde, algo que inexistia antes. Ele também construiu na sua gestão, um “playground” para o uso das crianças, um parque municipal, duas novas praças ajardinadas e a arborização das duas principais avenidas de Curitibanos.

Foram também realizados estudos para o levantamento topográfico municipal, objetivando a realização de estudos técnicos para a construção de poços para o fornecimento de água potável à população.

Um dos maiores problemas talvez encontrado em Curitibanos na época da gestão do prefeito Evaldo Amaral foi a deficiência no que se refere ao fornecimento de energia elétrica. Houve negociações com os governos estaduais e federal para o auxílio no provimento e atendimento da população, com a implantação de indústrias para o fornecimento de energia elétrica. Isso andou pouco, o abastecimento local só foi possível através de um empenho dos munícipes, que se organizaram e construíram, primeiramente, uma Usina no Rio Marombas e anos depois, uma Hidrelétrica no Rio Canoas, a Usina Hidrelétrica Salto Pery.

Mesmo com esse problema energético, a Curitibanos da época do prefeito Evaldo Amaral, mostrava-se como uma das cidades com características de um futuro esplendoroso. Ele foi membro do Rotary Club de Curitibanos, sócio e diretor do Cine Teatro Monte Castelo, sócio e depois proprietário da Rádio Coroado AM, sócio e diretor da Empresa Força e Luz Curitibanense, e sócio da Usina Hidrelétrica Salto Pery. Fez muito por Curitibanos, adotando a cidade como sua própria terra.

Ele era filho de Eduardo P. Amaral e de Luísa F. Amaral, nasceu em Lages/SC no dia 9 de julho de 1924. Ainda jovem, começou a trabalhar como bancário desde o ano de 1942. Foi gerente do Banco Indústria e Comércio de Santa Catarina S.A. — INCO, adquirido posteriormente pelo Banco Brasileiro de Descontos — BRADESCO. Devido possuir os conhecimentos necessários de como uma instituição bancária funciona administrativamente, bem mais tarde, em 1975, no início do governo de Antônio Carlos Konder Reis (1975 – 1979), foi nomeado vice-presidente do Banco do Estado de Santa Catarina — BESC, função que exerceu até o ano de 1977. No mundo corporativo bancário esteve envolvido e familiarizado com a vice-Presidência do BESC Financeira S.A., do Sistema Financeiro do Banco do Estado de Santa Catarina; de Crédito, Financiamento e Investimento, BESCREDI.

Em outubro do ano de 1958, sempre na legenda da UDN, elegeu-se Deputado à Assembleia Legislativa de Santa Catarina. Assumiu a sua cadeira em fevereiro de 1959 e, findou a legislatura, em 1963. Após esse tempo, dedicou-se à administração de empresas no setor madeireiro.

Com a promulgação do Ato Institucional n.º 2 (27/10/1965) e a posterior instauração do bipartidarismo, filiou-se à Aliança Renovadora Nacional (ARENA), legenda de apoio ao regime militar instaurado no país em 1964, e retornou à disputa eleitoral, candidatando-se mais uma vez a Deputado Estadual no pleito de outubro de 1966.

Assumiu o mandato em fevereiro de 1967, onde exerceu a vice-presidência da Assembleia em 1970 – 1971. Reeleito em outubro de 1970, presidiu as comissões de Educação e Saúde e de Ciência e Tecnologia, e foi vice-presidente da Comissão de Orçamento e Contas do Estado. Líder do governo entre 1972 e 1973, licenciou-se para assumir a Secretaria Estadual de Administração durante o governo de Colombo Salles (1971 – 1975), permanecendo no cargo de 1973 a 1974. 

Nas eleições de novembro desse ano (1974), sempre na legenda da ARENA, disputou uma vaga na Câmara dos Deputados, obtendo uma suplência. Em novembro de 1976, disputou a prefeitura de Lages, sendo derrotado pelo candidato do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), Dirceu Carneiro. Em novembro de 1978 voltou a se candidatar a Deputado Federal, conseguindo dessa vez, eleger-se. Empossado em fevereiro de 1979, presidiu a Comissão de Educação e Cultura e integrou as comissões de Economia, Indústria e Comércio, e de Agricultura e Política Rural. 

Com a extinção do bipartidarismo em novembro de 1979, e a posterior reorganização dos partidos políticos, filiou-se ao Partido Democrático Social (PDS), que reuniu a maioria dos antigos arenistas. Em novembro de 1982 tentou reeleger-se, retornando à lista de suplentes. Iniciada a nova legislatura em 1983, assumiu o mandato na vaga aberta pela saída de Vílson Kleinübing, nomeado Secretário de Agricultura de Santa Catarina no governo de Esperidião Amin (1983 – 1987). 

Na sessão que a Câmara dos Deputados realizou no dia 25 de abril de 1984, apoiou a emenda Dante de Oliveira, que restabelecia eleições diretas para Presidente da República, já em novembro daquele ano. Derrotada a proposição — faltaram 22 votos para que se atingisse o quórum mínimo exigido e o projeto fosse encaminhado à apreciação do Senado Federal, manteve-se a eleição indireta.

Dentro do PDS surgiram vários postulantes à sucessão do presidente João Baptista de Oliveira Figueiredo (1979 – 1985), nenhum deles em condições de unir o partido. Após a convenção que indicou o candidato Paulo Maluf em detrimento de Mário Andreazza, ocorreu uma cisão no partido, formando-se a chamada Frente Liberal.

Evaldo Amaral alinhou-se aos dissidentes e, em 15 de janeiro de 1985, reunindo o Colégio Eleitoral, ajudou a derrotar Maluf e a eleger Tancredo Neves, candidato da Aliança Democrática, formada pelo PMDB e pela Frente Liberal. Contudo, hospitalizado para uma operação de urgência, Tancredo Neves não chegou a tomar posse e faleceu em 21 de abril de 1985. Substituiu-o José Sarney, vice-presidente, que já vinha exercendo interinamente o cargo desde 15 de março. Resumindo, além de ter sido vereador e prefeito de Curitibanos, ainda foi Deputado à Assembleia Legislativa de Santa Catarina na 4.ª legislatura (1959 – 1963), na 6.ª legislatura (1967 – 1971), na 7.ª legislatura (1971 – 1975). Foi Deputado à Câmara dos Deputados na 46.ª legislatura (1979 – 1983).

Em abril de 1985, Evaldo Amaral efetivou-se na Câmara dos Deputados. No exercício do mandato, foi membro das comissões de Minas e Energia e de Ciência e Tecnologia (1987). Sem disputar a reeleição, retirou-se da vida pública e dedicou-se aos negócios particulares.

Ele foi casado com Teresinha Ribas Amaral, teve três filhos. Evaldo Amaral faleceu em 19 de julho de 2016, com 92 anos, em Florianópolis, sendo a sua morte sentida por muitos que o acompanharam na sua dedicada vida pública. Foi um dos melhores prefeitos que Curitibanos já teve. Uma pena, que até agora não nomearam nenhuma rua da cidade com o seu nome. Lamentável!



Referências para o texto.


Agência ALESC. Nota de Falecimento: Morre na capital o ex-Deputado Evaldo Amaral. On line: disponível em: http://agenciaal.alesc.sc.gov.br/index.php/noticia_single/nota-de-falecimento-morre-na-capital-o-ex-deputado-evaldo-amaral


AMARAL, Evaldo dep. fed. SC, 1979-1987. CPDOC. On line: Disponível em: http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-biografico/amaral-evaldo


Deputados brasileiros. Repertório (1979-1983, 1983-1987); INF. BIOG.; PIAZZA, W. Dicionário.


Evaldo Amaral. Biografia. Portal da Câmara dos Deputados. On line: Disponível em: https://www.camara.leg.br/deputados/131909/biografia


Lista de prefeitos de Curitibanos. On line: Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_prefeitos_de_Curitibanos


OLIVEIRA, J. C. de; CAMPOS, M. - Monografia de municípios brasileiros. Focalizando. Curitibanos e Campos Novos. Municípios do Estado de Santa Catarina. São Paulo. Junho de 1957.


PIAZZA, Walter. Texto do Historiador Walter Piazza e complementado por Luiz Alves. - Texto retirado da Internet.


PIAZZA, Walter: Dicionário Político Catarinense. Florianópolis: Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina, 1985.


POPINHAKI, Antonio Carlos. O museu histórico Antônio Granemann de Souza. Blog de Antonio Carlos Popinhaki. On line: Disponível em:

http://antoniocarlospopinhaki.blogspot.com/2021/02/o-museu-historico-antonio-granemann-de.html


POPINHAKI, Antonio Carlos. Popiwniak - Blumenau: 3 de Maio, 2015. 173 p.

2 comentários:

  1. Só como lembretes, posso dizer, que foi gerente do Banco Inco por anos seguidos em Curitibanos, participante e presidente do Rotary Club de Curitibanos. Salvo engano, ele com Osny Schartz foram os incentivadores e criadores da primeira emissora de rádio local em AM, tanto que seu cunhado João de Oliveira era diretor, produtor e locutor da rádio...

    ResponderExcluir
  2. Será que Curitibanos, adotou o seu nome para o nome de alguma via pública...

    ResponderExcluir